quinta-feira, 2 de setembro de 2010

bikini na rua, gola alta, gorro e luvas em casa

Podia começar a minha descrição do regresso ao Oriente e uma específica terra, 10 anos depois de umas férias, 23 anos depois da primeira vinda (na altura por 5 anos), por várias coisas. Mas começo por uma daquelas que nunca me tinha esquecido, mas cujo o impacto é tal que não há memória que nos recorde verdadeiramente da realidade: a diferença de temperatura que, no verão, se sente dentro e fora das casas/restaurantes/lojas/trabalho.
Estamos a falar de uma terra onde, em Agosto/Setembro fazem mais de 30º e a humidade ronda os 80-90%. Coisa leve, como se vê, fácil de respirar e de andar na rua, isto se se ignorar o impulso constante de se tomar duche. Isto é na rua. O contrário acontece "indoors", aí a temperatura ronda facilmente os 18.º (ou menos, dependendo de quem regula o AC), que é como quem diz, casaquinho sempre a mão - senhores que têm de usar fato (para não falar quando têm de usar farda), este é um post que traduz uma preocupação tradicionalmente feminina, já que S.Exas têm em regra de usar camisa de manga longa, casaco e gravata. Reconheço que nesses casos, o AC a menos de 18º é bem vindo, não tanto quando se é senhora é se está habituada à t-shirt ou camisa de manga curta, ou, qui ça, de alças, e a saias (sem collants, cumpre notar, sim, porque aqui, no pico do verão vêem-se senhoras de collants - eu pecebo bem porquê!). Naturalmente, e aqui uma nota muito politicamente correcta, senhoras que têm de usar fato (ou a farda) também ficam contentes com estas temperaturas dentro dos edifícios. Eu, contudo, congelo e depois entro em choque térmico, por isso, casaquinho ao ombro ou na mala, quem vou eu, tra lá lá...o collant é que não, por isso, cheira-me que o verão será, quando indoors, passado sem saias...

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

véspera

Estou com a sensação de que me estou a esquecer de alguma coisa, daquelas importantes, mas já verifiquei, passaporte, bilhete, declaração para entrar no território... uhm... acho que é aquilo a que chama "cold feet". Ontem, deu-me para ligeiramente choramingar, mas rapidamente passou. Hoje, estou demasiado cansada das últimas corridas: banco, farmácia, oculista, últimos jantares, almoços e cafés - sim, o dia hoje foi também preenchido, dentro do razoável. Olho para a mala, a mochila e a carteira e penso: como é que eu vou fazer passar este peso todo pela alfândega e, mais importante, como é que eu a vou carregar. Esta é a parte logística, aquela que me entretém quando começo a ficar tristonha e saudosa - com demasiada antecipação - dos amigos, da família, do mar e da luz de Lisboa. Penso também na aventura que me espera, no mundo por descobrir e nos amigos e na família, fabulosos e fabulosa, que tenho e que me têm acompanhado em todos os momentos, mesmo quando implicavam a distância. Penso também nos amigos que vou reencontrar e na oportunidade que estou a agarrar. E por isso a minha saudade conjuga-se com expectativa e animação. É aquela sensação agri-doce. Mas a vida é mesmo assim, não é? Mas não posso deixar de começar esta aventura sem agradecer aos meus amigos, os de sempre e os mais recentes, os da escola e os do trabalho, pelo apoio, a generosidade e o afecto que me têm demonstrado, o que faz com que parta aconchegada com o seu amor e respeito.