Distância, medida em milímetros, centímetros, metros, quilómetros. É, às vezes, uma forma conhecida de gerir chatices e evitar asneiras.
O problema é quando a distância, falsamente colocada, uma construção racional - sim essa, ou essas, que construimos para que o emocional não impere - é desfeita em segundos. Faz pouco mais de uma semana. Maldito telefone. Senti o sangue fugir-me da cara. As pernas fraquejarem. E senti um genuíno pavor, como desde há muito não sentia. Quase não ouvi o que a voz desconhecida me estava a dizer. São aqueles telefonemas que se temem. Mas não foi. Pareceu ser, mas não foi. Confirmei depois. Ficou, no entanto, a sensação amarga de que o tempo não havia passado e que a distância tinha sido inútil. Porque temi o que aquela voz desconhecida me ia dizer.