Hoje, a minha rotina matinal foi surpreendida pela notícia da morte de Maurice Béjart, coreógrafo que acompanha a minha paixão pela dança desde que em lembro. O meu andar estremunhado pela casa com as notícias como banda sonora para o pequeno almoço, leitura rápida dos mails para saber o que me espera, foi agitado pela notícia da primeira página do Público, apresentada no momento em que o telejornal dedica à imprensa escrita.
Fiquei com pena. Tenho pena. Admiro profundamente o trabalho de Béjart, a sua precisão no uso do vocabulário do clássico ballet, sem comprometer a sua própria estética e o desejo de expandir o mais possível as fronteiras entre o clássico e o moderno. E admiro o pensamento do coreógrafo, mas também do ser humano convicto no valor da liberdade, como transpareceu nas entrevistas e livros que fui lendo.
Recordo com particular emoção as duas idas ao Coliseu de Lisboa para ver a sua companhia de dança, o Ballet du XXe Siècle. O Coliseu sempre cheio. Sempre expectante quanto ao momento, que se sabia único, que se iria viver. O mundo da dança está mais pobre.
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