terça-feira, 7 de setembro de 2010

Hong Kong e os "tapetes mágicos", amigo sic.

Contratualmente, tinha direito a mais 20 kg de bagagem, a adicionar aos normais (e poucos!!!) 20kg de mala de porão para a minha viagem transcontinental (ainda me lembro quando tínhamos direito a 30 kg e ninguém nos questionava sobre a lima de papel ou a garrafa de líquidos que, apesar de obviamente não conter mais do que 100ml, não tem a sua medida expressamente escrita - questão para outro post, embora já tenha tocado no assunto, a propósito de outras deslocações). Bem sei que vinha para a "terra onde tudo existe e, se não existe, existe em Hong Kong ou na net", mas os 20 kg (mesmo os 40kg) pareciam-me pouco (e, confesso desde já, foram pouco... tratei de ultrapassar a problemática de várias maneiras... outro post - tantos posts por escrever!). Seja como for, e de acordo com o que me foi indicado, contratei serviço de cargo, que implicou ir uns dias antes à Portela entregar a mala (que, já agora conto, me tinha sido dada pela Air France, depois de me destruírem - o termo é mesmo esse - a minha mala favorita de viagem, porque tinha (finalmente) o tamanho ideal, numa viagem entre Lisboa e Estrasburgo), que faria o percurso Lisboa-Istambul, Istambul-Hong Kong, onde teria de a ir buscar, sendo que podia chegar no mesmo dia que eu.
Adivinhando uma aventura parecida com uma outra que, em 2004, tive no aeroporto de Schiphol, em Amsterdão - que, sem exagero, implicou um dia dentro do espaço do aeroporto, que equivale a uma pequena aldeia-, pedi que a mala chegasse uns dias depois, para eu calmamente ir buscar a dita cuja, estranhando que não houvesse serviço que permitisse a entrega em Macau (que não só é servido por jetfoil, mas, mais importante, por um aeroporto. Mas, não, aquela empresa, com a qual tinha de contratar, por razões que não vêem ao caso, não fazia desejada em entrega "ao domícilio".

Bom, domingo, depois de uma tentativa no sábado, abortada pelo facto de conseguir confirmar que a mala só chegava ao fim do dia (e, mais uma vez, a aventura anterior me avisava que o melhor era ir com tempo e enquanto havia luz do dia - apesar do serviço 24h), ponho-me ensonada a caminho. Jetfoil, 1h para HK, tempo para ler o jornal semanário comprado na véspera (eles há hábitos que se mantém onde quer que se esteja e um deles é o café e o jornal semanário ao sábado e domingo, para uma leitura demoradamente saboreada), dormir mais um bocadinho e... e ver a skyline irreconhecível da ex-colónia britânica. Mudou, de facto, significativamente, a começar por uma enorme ponte que há 10 anos, quando tinha pela última vez feito a travessia, não existia. Abro aqui um parêntesis, entre muitos (tique de escrita que não consigo abandonar), para explicar que sempre tive uma secreta paixão por Hong Kong, desde sempre adorei a chegada de Barco ao território e aquela linha demarcada no horizonte de prédios, a recortar o (pouco) verde que existia nas proximidades da estação de barco. Havia algo de mágico naquela chegada, talvez porque muito da minha paixão pela dança foi ali vivida, nas idas aos teatros ver as melhores companhias do mundo, ou porque tínhamos amigos que viviam em frente à praia onde o mar era ainda azul, ou porque significava que uma viagem estava prestes a começar. Fosse qual fosse a razão,  sempre me detive na chegada do barco ao porto...
Ora, pois que agora tive dificuldade em reconhecer o recorte, os prédios que, antes, me pareciam óbvios (fotografia ao lado é datada da última visita em 2000), agora já não o são (procurei e procurei e nada... não reconhecia nada, sabendo que estava tudo no mesmo sítio, apenas total ou parcialmente tapado por novas construções), por outro lado, a referida ponte liga uma extensão significativa de água e, percebi eu depois, continua em terra por vários e vários km. Não é esta uma apreciação negativa ou positiva. Simplesmente, senti-me, ao contrário do que aconteceu com Macau, perdida antes de colocar o pé em terra... e como em post seguinte contarei, a minha aventura em busca da minha mala vinda num tapete mágico de Istambul ainda ia durar, mas numa situação divertida, mas também enternecedora, porque demonstra bem que quando as pessoas querem ajudar e ser prestáveis tudo se consegue, tudo se alcança, mesmo quando se partilha pouco mais do que meia dúzia de palavras de diferentes línguas... (corta, para cenas dos próximos capítulos)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Efeitos do Jet Lag e a difusão de Portugal pelo mundo

Os efeitos do jet lag são, ou podem ser, múltiplos: não dormir, não conseguir comer nas devidas horas, cabeça baralhada e, no meu particular caso, incapacidade de fazer uma simples conta de divisão por dez (sim, arredondando a coisa, um euro são cerca de dez patacas. Case in point: na manhã seguinte à minha chegada decidi tratar da prioridade n.º 2 - já que a n.º 1 tinha embatido com um imbróglio burocrático (facilmente resolvido no dia seguinte): arranjar um telemóvel que funcionasse por aqui (isto porque não há qualquer necessidade de se proceder a constantes "doações" à Vodafone em roaming). Ora, tratada a questão de um cartão pré-pago para os primeiros dias, de modo a ser-me possível fazer um estudo das operadoras no mercado e seus preços, e decidida a ter "tento e medida" na tecnologia móvel a adquirir, sob pena de tomar decisões precipitadas (todas a favor da "i-Apple"), e, suponho, já bem ciente do efeito do jet lag em mim (além de não comer a horas, a minha cabeça claramente não funciona a 100%...), andei em busca do telemóvel mais barato possível, mas que desse resposta às minhas necessidades, vulgo: sms e chamadas. É, neste momento, que entro numa loja na rua das Mariazinhas (cujo o nome não é este, mas é assim que a conheço desde sempre, sem indagar quantas Marias são necessárias para dar nome a rua... mas isso são outros pensamentos, ligados a toda uma problemática que me assalta o espírito: como é que se dá o nome às ruas, qual o processo e que critérios se aplicam... mas isso dava todo um outro post). Regresso ao busílis da questão, pergunto quanto custa, respondem-me em MOP (=patacas)... "desculpe, mas pode dizer-me o preço em euros" (EFEITO JET LAG: o dito telemóvel custava 399 MOP, que é como quem diz, 39.9 Euros, simples divisão, eu tinha avisado). "Sim, claro", sacada a máquina de calcular para um preço mais preciso, lá me é dito com exactidão o custo de toda aquela tecnologia.  O que se seguiu depois é que não esperava: "é italiana?", respondo, um pouco incrédula (até porque normalmente, a nacionalidade que me dão - vá-se lá entender porquê, é a francesa - eu tenho em crer que é porque ando muito de sabrinas), "não. Sou portuguesa". Ao que me é indagado com determinação simpática e confusa ao mesmo tempo, "então para que precisa de fazer a conversão em euros?". Não tive resposta e só mais tarde percebi que, aqui, portugueses são de cá e não se discute mais o assunto ... e por isso mesmo não há cá euros para ninguém... pergunto-me a mim própria se isto é um mau exemplo da difusão de Portugal no estrangeiro  (sendo certo que é uma terra estrangeira especial,) ou um bom exemplo de integração... fica a dúvida...